Dependencia Psicologica

Era uma vida dupla, muitas vezes eu abria mão de sair com minhas amigas pra devorar uma lata de leite condensado e me libertar depois da culpa, das calorias e dos desprazeres da vida no banheiro de casa. Os minutos passavam, a mão suava, com o passar dos anos, meu metabolismo começou a funcionar tão devagar, que eu era capaz de guardar algo na barriga por 2horas antes de começar a disgestão, ou melhor, antes de vomitar. Os truques para disfarçar o disturbio também melhoraram, como minha família já estava ciente da minha situação, eu muitas vezes escolhia um toillete fora de casa, ou vomitava em sacos plásticos e os escondia no armário para me desfazer deles depois no lixo. Quando saia para comer com os amigos, eu me limitava a pratos pequenos, ou apenas doces. Fingia estar saciada com um décimo do que eu comia escondido. Fingia ser alguém normal, mas ficava contando as horas de voltar pra casa e devorar dois pacotes de bolachas. E isso se tornou o meu prazer, o meu extase, meu vicio. Sim, vício, não existe palavra mais verdadeira que descrevia minha situação, eu virei escrava daquele ciclo, eu sentia nescessidade de fazer e repitir isso todos os dias. Meu corpo implorava para ser saciado, estufado e aliviado logo em seguida. Existem muitos viciados que não são dependentes químicos. O vício no sexo, o vício no jogo, o vício por uma pessoa, e milhões de tiques e manias que são classificados como TOC (transtorno obcessivo compulsivo), e é claro, a bulimia. Eu não sei ao certo quando algo que fazemos com frequencia se torna um vício, mas sei que uma vez dentro do ciclo é muito difícil sair. A sensação é de que instalaram um chip no meu cérebro e por mais que eu sabia da gravidade do ato, meu corpo pedia por aquelas sensações de prazer e alívio. As tentações sempre eram mais fortes, e como vários viciados eu também passei por inúmeras tentativas frustradas de “Essa vai ser a última vez”.
